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Em vídeo, Temer constrange Alckmin e deixa dúvidas se ajuda ou prejudica tucano

Candidato pelo PSDB faz campanha com críticas ao presidente, e o emedebista revida: “Não atenda o que dizem seus marqueteiros. Atenda apenas a verdade”

Alckmin, no último dia 29.
Alckmin, no último dia 29.Eraldo Peres (AP)
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A campanha eleitoral subiu de temperatura às vésperas do feriado da Independência por um personagem inesperado. O presidente Michel Temer decidiu sair do seu bunker da impopularidade — apenas 3% dos brasileiros o apoiam — para cobrar um dos seus aliados, o tucano Geraldo Alckmin, sobre o tom das propagandas eleitorais do candidato do PSDB. Alckmin não tem perdido uma oportunidade de atacar a gestão Temer, apontando falhas na educação, as falhas na saúde, na educação e nos incentivos à indústrias. O presidente, que estava apagado, ciente que se tornou um personagem de quem todos querem se afastar, decidiu sair da toca e cobrar do tucano apoios políticos do passado recente. Entre a noite de quarta e a manhã de quinta-feira, Temer publicou dois vídeos em seu Twitter nos quais vincula o PSDB ao seu Governo. “Eu me lembro, Geraldo, quando você, candidato a Governador, candidato a presidente, nas vezes que te apoiei precisamente para esses cargos, acho que você era diferente. Não atenda o que dizem seus marqueteiros. Atenda apenas a verdade”, diz ele no vídeo divulgado nesta quinta que estão fazendo a alegria das redes sociais.

Já no primeiro vídeo, divulgado na noite desta quarta, Temer diz que vários dos que hoje estão na coligação de Alckmin ocuparam ou ainda ocupam ministérios. Citou nominalmente Mendonça Filho (DEM), que foi ministro da Educação, Marcos Pereira (PRB), da Indústria e Comércio, e Ricardo Barros (PP), da Saúde. Também cita o PTB, que comandou a pasta do Trabalho. “Se você vier a ganhar a eleição, essa base será a sua base governamental”. Temer também reclama do que considera ser uma mudança de postura do candidato tucano.

Não bastasse a campanha eleitoral tensionada pelo imbróglio da candidatura Lula e a liderança do capitão de reserva, agora Temer cria um novo fato que deixa no ar sobre qual jogo político ele estaria fazendo de fato. Não se sabe se seus vídeos prejudicam ou se ajudam a candidatura tucana. Há 20 dias, Temer havia dito que teria cautela para não fazer campanha para um ou outro candidato à sucessão presidencial. “Falam muito da impopularidade. Não quero nem incomodar, digamos”, afirmou. Mas acabou por expor o apoio do Governo ao tucano Geraldo Alckmin(PSDB) . “Quem o governo apoia?. Parece que é o Geraldo Alckmin, né? Os partidos que deram sustentação ao governo, inclusive o PSDB, estão com ele”, lembrou.

Como em política ninguém dá ponto sem nó, o MDB e PSDB estiveram juntos votando a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT) que resultou na chegada do emedebista à presidência. Desde que assumiu o cargo, Temer tem entregado postos-chaves aos tucanos. Eles já ocuparam os ministérios das Cidades, da Secretaria de Governo e ainda estão nas Relações Exteriores. “O PSDB, Geraldo, apoiou o meu Governo. Não faça como aqueles que falseiam, que mentem, para conseguir votos influenciado pelo marqueteiro. Seja realista, conte exatamente a verdade”.

Na ocasião em que Temer falou sobre a tentativa de não influenciar na campanha, o presidente ainda lançou a seguinte questão em uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo: “quem o governo apoia?”. Parece que é o Geraldo Alckmin, né?”.

Durante sabatina na manhã desta quinta-feira, realizada pela Fundação Armando Álvares Penteado e pelo jornal O Estado de S. Paulo, o tucano rebateu algumas das provocações feitas por Temer. Disse, por exemplo, que era a favor do impeachment, mas pessoalmente defendeu que o seu partido não participasse do Governo, que desse apenas o apoio parlamentar. Foi voto vencido. Ainda afirmou que o presidente não tem legitimidade. “O problema do governo Temer não é o ministro, é o presidente que não tem a liderança que precisa ter e nem a legitimidade que também precisa ter.”

Oficialmente, o MDB lançou o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB). Mas, por conta da impopularidade de Temer, ele tenta o tempo inteiro se descolar do presidente. O mote de sua campanha é que, quando o país precisa, os presidentes chamaram Meirelles para resolver os problemas da economia. Isso teria ocorrido na gestão Lula da Silva e Temer.

Haddad

No início da tarde desta quinta-feira, o presidente virou suas baterias para o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), "que pode ser candidato a vice-presidente ou candidato a presidente da República, não sei bem como serão as coisas" na descrição do próprio Temer. Na mensagem, o presidente defende a reforma trabalhista, que segundo ele recuperou "a modernidade do nosso país" e gerou oportunidades de emprego. "Não adianta você dizer que nós tiramos direitos dos trabalhadores, porque eles estão na Lei maior, na Constituição", diz Temer no novo vídeo, também publicado em seu perfil no Twitter.

Na mensagem, ele refuta as acusações de "golpista" e sugere que Haddad leia a Constituição para verificar que está escrito "que, quando um presidente é impedido, o vice-presidente constitucionalmente assume". "É que hoje, Haddad, ninguém quer cumprir Constituição, ninguém quer cumprir lei. As pessoas querem fazer aquilo que você está fazendo, ou seja, inventar as coisas da sua própria cabeça", diz o presidente, cuja série de vídeos deixa no ar a dúvida sobre quem será o próximo alvo.

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