_
_
_
_
_

Klopp, intensidade e estratégia em Liverpool x Sevilla

Diante da final na Basileia, Emery e os jogadores do Sevilla falam sobre o treinador alemão que revitalizou o Liverpool

Rafael Pineda
Jurgen Klopp, treinador do Liverpool.
Jurgen Klopp, treinador do Liverpool.Alex Livesey (Getty Images)

Jurgen Klopp já cruzou o caminho do Sevilla uma vez. Foi em setembro de 2005, quando, na lateral do estádio Ramón Sánchez Pizjuán, chamou a atenção um jovem técnico que não parava de fazer barulho dando orientações ao Mainz 05. A equipe alemã conseguiu um empate sem gols naquela eliminatória para a Copa da UEFA. Klopp havia levado o Mainz à Bundesliga e, em seguida, conduziu o time à competição europeia.

Na rodada dessa primeira aparição do treinador na Espanha, o Sevilla de Juande Ramos ganhou por 2 x 0. Foram os primeiros gols de Kanouté no clube andaluz, que passou por essa preliminar e conquistou sua primeira Copa da UEFA em 2006, precisamente contra um rival inglês, o Middlesbrough (4 x 0).

A figura de Klopp surge no início e no excelente presente da aventura europeia do Sevilla na última década. Contrapondo-se ao midiático treinador alemão, Unai Emery, bicampeão da Liga Europa com o time andaluz, se mostra mais certeiro do que Klopp na hora de ganhar finais. O alemão perdeu duas finais da Copa da Alemanha, uma Champions League e uma Copa da Liga. Conquistou uma Copa da Alemanha e duas Supercopas da Alemanha.

Emery está bem posicionado no seleto clube de treinadores europeus. Klopp, por enquanto, está um passo à frente depois de seu grande trabalho no Dortmund. A final de Basileia representa o cenário ideal para o confronto de dois treinadores emergentes do futebol continental. Ambos são incapazes de entender o futebol sem paixão, servindo como excelentes motivadores.

Cambistas e roubo de ingressos na sede do Liverpool

A torcida do Liverpool não vibra com uma final europeia desde 2007. Para um clube que é dono de cinco Copas da Europa, três Copas da UEFA e três Supercopas Europeias, a final de Basileia desatou uma loucura entre esses torcedores espalhados pelo mundo todo. Os 10.236 ingressos que a UEFA entregou ao Liverpool não deram para nada, mas foi o possível num estádio, o St. Jakob-Park, com capacidade para apenas 38.512 espectadores.

Mais de mil entradas alocadas aos sócios do Sevilla foram revendidas para torcedores do Liverpool, que chegaram a viajar à Andaluzia para obtê-las dos cambistas ao preço de até 2.000 euros (cerca de 8.000 reais) cada uma. As normas de segurança serão violadas no estádio suíço, já que haverá torcedores do Liverpool com ingressos para a zona sevillista. A UEFA e as autoridades suíças já conhecem o problema. O Sevilla, por sua vez, agiu abrindo uma investigação contra cem sócios, que poderão ficar suspensos na próxima temporada por revenderem seus ingressos.

Outro episódio envolvendo a distribuição de ingressos aconteceu na última quinta-feira à noite, quando três indivíduos entraram na sede do Liverpool, no centro dessa cidade inglesa, e roubaram dezenas de ingressos, alguns deles para os lugares mais caros. A polícia pediu aos torcedores que não adquiram bilhetes fora dos canais oficiais, já que não há garantias de que seus portadores poderão entrar no estádio.

Enquanto o incidente é esclarecido, pelo menos 9.000 torcedores do Liverpool se preparam para viajar a Basileia mesmo sem ter ingressos em mãos. Eles pretendem ver o jogo no centro da cidade suíça, o que pode causar problemas de ordem pública. Agências de viagens inglesas reservaram uma grande quantidade de leitos em hotéis da Suíça, fazendo os preços disparar.

O último episódio quanto ao assunto das entradas produziu-se na passada quinta-feira pela noite, quando três indivíduos entraram nos escritórios do Liverpool no centro da cidade inglesa e roubaram dezenas de entradas, algumas das mais caras. A Policial de Liverpool solicitou aos aficionados que não adquiram estas entradas fora dos cauces oficiais, já que asseguram que não poderá ser entrado no estádio com elas. Enquanto esclarece-se o acontecimento, ao menos 9.000 aficionados do Liverpool viajarão a Basilea sem entrada, com a intenção de ver juntos o encontro no centro da cidade suíça. O problema de ordem público pode ser importante. As agências inglesas bloquearam uma grande quantidade de praças hoteleiras em Suíça, cujos preços se dispararam.

“Foram várias as vezes que me encontrei com Jurgen em Nyon, nas reuniões de técnicos realizadas pela UEFA. Ele vem sempre com um sorriso. Seu sorriso representa muito bem o Liverpool, seu sorriso é sua própria equipe, um time alegre, sem complexos, que enfrenta tudo. Jurgen sempre me pareceu um fantástico motivador. Percebo isso em Alberto Moreno, que está com um ótimo rendimento, o melhor desde que deixou o Sevilla, há dois anos”, diz Emery. Essa simbiose de Klopp com a equipe do Liverpool é vital para a ressurreição do histórico clube inglês. “O Liverpool é sua gente. O futebol é, acima de tudo, emoção”, afirma frequentemente o alemão, idolatrado pelos torcedores que encontraram novamente um líder após a saída de Rafael Benítez, ainda venerado nas arquibancadas de Anfield.

“Klopp é um treinador com grande experiência, capaz de transmitir grande energia às suas equipes. São muito alegres, muito vivas, acho que ele vê a vida assim e dirige suas equipes dessa forma. Mas isso não significa que não queira ganhar. É um grande competidor e quer vencer acima de tudo. Jurgen, além disso, tem a capacidade de se conectar muito bem com a arquibancada. Isso, em um clube como o Liverpool, é muito importante”, destaca Emery, que, no entanto, ainda não conseguiu se conectar plenamente com os torcedores de Nervión. Mesmo depois de vencer duas edições da Liga Europa, algumas de suas decisões são muito contestadas.

“O Dortmund de Klopp e este Liverpool são adeptos de transições muito rápidas e verticais. O Liverpool é como Klopp, um time liberado, sem amarras, com muita mobilização ofensiva e muita atividade. Também temos uma mobilização importante dentro de campo, mas às vezes temos mais pausa e somos também muito eficazes no contragolpe”, acrescenta Emery.

“Klopp colocou veneno no nosso sangue para sairmos dispostos a morrer. Tem coisas parecidas com Emery, como a intensidade e a estratégia”, recordou Alberto Moreno ao longo da semana, reconhecendo que seu técnico não perguntou muito sobre o Sevilla – sobretudo porque seu inglês deixa muito a desejar.

“Visto de longe, me parece um grande treinador. Uma das grandes características das suas equipes é que elas impõem uma grande pressão sobre o rival. Vão até a morte. Eu gostava muito do seu Dortmund, e ele ergueu o Liverpool até levá-lo a uma final”, afirma o goleiro David Soria, encarregado de proteger a meta do Sevilla na final de Basileia – tarefa que irá encarar sem ter jogado nem um só minuto no Campeonato Espanhol.

“Não conheço Klopp pessoalmente, mas me parece que é um técnico com um grande presente e um futuro ainda melhor. Todo time que ele pega conhece o sucesso, como aconteceu com o Dortmund, que chegou a campeão alemão e vice da Champions”, admite Iborra. Para o sevillista, o trabalho de Klopp no Liverpool tem muitos méritos. “Ele encontrou o time numa situação complicada e pouco a pouco o fez crescer. Levou-o a uma final da Liga Europa. Acho, além disso, que é um sujeito muito peculiar”, afirmou o meia valenciano, autêntico camisa 12 do Sevilla.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_